Cura espiritual: por dentro dos grupos mediúnicos

“Estes são os sinais que acompanharão os que tiverem crido: em meu nome expulsarão demônios, falarão em novas línguas, pegarão em serpentes, e se beberem algum veneno mortífero, nada sofrerão; imporão as mãos sobre os enfermos, e estes ficarão curados.” Marcos (16:17-18)

Os trabalhos de cura espiritual são descritos há milênios, de forma literal ou por meio de figuras de linguagem. Com o conhecimento espírita atual e das metodologias usadas nos trabalhos mediúnicos de assistência espiritual das casas da Aliança, podemos traduzir as palavras do evangelho de Marcos como:

...expulsarão demônios – Passes espirituais CH, P2 e P3B
...falarão em novas línguas – Incorporação, Psicofonia, Psicografia etc.
...pegarão em serpentes, e se beberem algum veneno mortífero, nada sofrerão – Fé inabalável
...imporão as mãos sobre os enfermos, e estes ficarão curados – Passes materiais P1 e P3A

Pois bem, os trabalhadores espíritas de última hora, com sua fé, vontade e amor, podem atender aos sinais mencionados por Marcos em nome de Jesus.

Numa avaliação de nosso dia a dia, percebemos que quase não damos atenção à “vontade” em todas as nossas ações. De tão simples, achamos não ter valor, porém, vamos descobrindo que, nestas coisas mais simples da vida, podemos encontrar mais facilmente a presença divina.

Encontramos, então, uma passagem do Livro dos Médiuns (Cap. VII – Item 131), que nos traz uma descrição detalhada do que estamos falando:

“...A vontade é atributo do espírito encarnado ou errante. Daí o poder magnetizador, que sabemos estar na razão da força da vontade. O espírito encarnado pode agir sobre a matéria elementar e, portanto, modificar as propriedades das coisas dentro de certos limites. Assim se explica a faculdade de curar pelo contacto e a imposição das mãos, que algumas pessoas possuem num elevado grau.”

Ou seja, a vontade é uma força do próprio espírito que desperta o amor que atrai o fluido cósmico universal benigno, de acordo com a intensidade desse amor, podendo transformar o seu entorno.

De acordo ainda com o Livro dos Médiuns (Cap. XVI – Subitem 189), a faculdade de cura não é essencialmente mediúnica, pois todos os verdadeiros crentes a possuem, sejam médiuns ou não. Frequentemente, não é mais do que a exaltação da potência magnética, fortalecida em caso de necessidade pelo concurso dos espíritos bons.

Assistência espiritual: o poder do grupo

É importante ressaltar que médiuns que têm a capacidade individual de cura são raríssimos. O comum é a intervenção de espíritos mais evoluídos que conjuntamente com os grupos mediúnicos de cura conseguem restabelecer o necessitado.

Além de questões individuais de cada médium, devemos ressaltar a importância do trabalho coletivo do “espírito de grupo”. É com alinhamento de sentimentos e pensamentos de base evangélica que encontramos as possibilidades das grandes transformações de nosso entorno, de praticar o bem, de atender aos desígnios divinos até a efetiva cura de um ser merecedor.

Em todos os níveis espirituais, sem exceção, encontramos o trabalho em grupo. Por exemplo, conforme mencionado no livro Na Semeadura II, de Edgard Armond, Jesus Cristo faz parte de um grupo de 70 espíritos de luz que governa este sistema solar e outros orbes.

A potência magnética e a capacidade de doação dos fluidos cósmicos benignos são atraídos proporcionalmente ao amor que o espírito possui.

O Livro dos Médiuns diz ainda que todos os magnetizadores são aptos a curar, mas entre os médiuns curadores a faculdade é espontânea. “A intervenção de uma potência oculta, que caracteriza a mediunidade, torna-se evidente em certas circunstâncias. E o é, sobretudo, quando consideramos que a maioria das pessoas qualificáveis como médiuns curadores recorre à prece, que é uma verdadeira evocação.”

Isto mostra a importância da preparação nos trabalhos mediúnicos. A oração melhora a psicosfera do ambiente atingindo outros planos e, consequentemente, facilitando o acesso de espíritos mais sutis para os trabalhos. A “potência oculta” vem deles e, na realidade, são eles que fazem a maior parte dos trabalhos.

O grupo mediúnico encarnado basicamente é o responsável pela doação dos fluidos mais pesados, que muitas vezes são utilizados para a reconstituição perispiritual. Porém, são os fluidos mais vibrantes, mais sutis, provenientes de espíritos elevados, que permitem essa reconstituição. É como o tijolo e o cimento.

Vale ressaltar que a realização de curas completas depende do trabalho de entidades altíssimas, da fé do assistido e da permissão divina dentro do atendimento às Suas Leis.

Assim foi com Jesus. Como um dínamo de amor, o Mestre atraía o fluido cósmico de forma magnífica. E, utilizando material quintessenciado mais denso, como terra nos olhos, conseguia recompor a visão de um cego. Em outro episódio, fica muito claro que a predisposição do assistido em receber a ajuda espiritual é parte essencial do processo, se o merecer e for permitido por Deus. Quando a hemorroíssa apenas tocou Jesus, sua fé a curou. O fluido cósmico saiu dele para ela: “uma força saiu de mim”.

Organização dos grupos mediúnicos de cura

Os grupos mediúnicos de cura são maiores do lado espiritual do que entre os encarnados. Há um espírito para cada encarnado no mesmo plano do grupo encarnado. Um pouco acima deste, há um grupo menor de espíritos atuando com vibrações “mais” sutis, e ainda acima destes existem 3 a 4 espíritos de luz com doações “super” sutis, conforme representação abaixo.

Cabe ressaltar que esta é uma forma de apresentação, mas podem existir outras. Além disso, grupos de espíritos samaritanos saem nos trabalhos a distância para atender aos assistidos que não podem se apresentar presencialmente na casa. Neste caso, a mente do grupo na casa espírita direciona e aplica os fluidos em cores e intensidade conforme a necessidade e o comando dos espíritos trabalhadores elevados. Os espíritos, com a própria doação sutil, potencializam e adequam as doações dos encarnados de acordo com as necessidades do assistido.

Para melhor entendimento, buscamos a seguinte passagem no livro A Gênese (Cap. XIV – Os Fluidos – Curas): “O fluido universal é o elemento primitivo do corpo carnal e do perispírito, os quais são simples transformações dele. Pela identidade da sua natureza, esse fluido, condensado no perispírito, pode fornecer princípios reparadores ao corpo; o espírito, encarnado ou desencarnado, é o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância do seu envoltório fluídico. A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada; mas, depende também da energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido.”

Ainda o mesmo capítulo nos traz que são variados os efeitos da ação fluídica sobre os doentes, de acordo com as circunstâncias. Algumas vezes é lenta e reclama tratamento prolongado, como no magnetismo ordinário; de outras é rápida, como uma corrente elétrica. Pode haver curas instantâneas por meio apenas da imposição das mãos, ou, até, exclusivamente por ato da vontade.

Entre os extremos dessa faculdade, há infinitas possibilidades e o princípio é sempre o mesmo: o fluido desempenha o papel de agente terapêutico e cujo efeito se acha subordinado à sua qualidade e a circunstâncias específicas.

Nos lembra também que a ação do passe de cura pode ser produzida pelo próprio fluido do médium encarnado, pelo fluido dos espíritos atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado. O mais comum nos grupos mediúnicos é que a ação ocorra pelos fluidos que os espíritos derramam sobre o médium encarnado, que serve de veículo para esse derramamento. É o magnetismo misto, semiespiritual ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece.

Os trabalhos mediúnicos são, portanto, amplo campo de estudo. Continuaremos a abordar o assunto nas próximas edições de O Trevo, compartilhando conhecimentos e reflexões.

Mauro Iwanow é da Equipe de O Trevo

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