Mudanças de personalidade após transplantes e a visão espírita

Imagem ilustrativa de transplante

Um estudo da Universidade do Colorado, publicado na revista Transplantology, investigou mudanças de personalidade, hábitos e memórias em pacientes que receberam transplantes de órgãos. A pesquisa envolveu 47 participantes, sendo 23 receptores de coração e 24 de outros órgãos. Dos participantes, 89% relataram mudanças de personalidade após a cirurgia, incluindo alterações no temperamento, emoções, preferências alimentares, identidade, crenças religiosas e memórias.

Embora a amostra seja pequena e a autodeclaração dos pacientes represente uma vulnerabilidade metodológica, a pesquisa é um passo importante para entender os mecanismos fisiológicos e subjetivos envolvidos na doação de órgãos.

A doutrina espírita, codificada por Allan Kardec, oferece uma perspectiva interessante sobre essas mudanças. Segundo o Espiritismo, o espírito é a individualização do princípio inteligente e preexiste ao corpo material. Em O Livro dos Espíritos, Kardec explora a individualidade do espírito e sua relação com o corpo físico.

O Espiritismo ensina que o espírito mantém sua identidade e consciência após a morte do corpo físico, e que a união do espírito com o corpo é temporária, servindo ao propósito de evolução espiritual.

Imagem ilustrativa de cirurgia e espiritualidade

Explicações sob a ótica espírita

Do ponto de vista espírita, as mudanças de personalidade observadas após transplantes de órgãos podem ser explicadas por várias hipóteses. Uma delas é a influência do perispírito, o envoltório semimaterial que liga o espírito ao corpo físico. O perispírito do paciente pode ser afetado pelas vibrações e energias do órgão transplantado, resultando em mudanças na personalidade e nos hábitos do receptor, em um processo similar ao da psicometria, que é a capacidade mediúnica de obter informações sobre pessoas, lugares ou eventos passados através do contato com objetos.

Outra hipótese é a da sintonia espiritual. O receptor do órgão pode entrar em sintonia com o espírito do doador, especialmente se houver uma forte ligação emocional ou energética entre eles. Isso pode resultar em mudanças de comportamento e preferências que refletem as características do doador.

Também é possível considerar a reativação de memórias latentes do receptor, relacionadas a experiências vividas em encarnações anteriores, ou conexões cármicas entre o receptor e o doador, ou seja, dívidas ou acordos espirituais estabelecidos em vidas passadas. Esta hipótese inclui a possibilidade de obsessão, onde a presença de espíritos desencarnados ligados ao doador poderia influenciar o receptor, causando alterações em sua personalidade e comportamento.

Em resumo, o estudo da Universidade do Colorado destaca a ocorrência de mudanças de personalidade após transplantes de órgãos, e a doutrina espírita oferece explicações baseadas na individualidade e na preexistência do espírito. As hipóteses espíritas sugerem que essas mudanças podem ser resultado da influência do perispírito, da sintonia espiritual e do acesso temporário às memórias do doador.

A ciência e o Espiritismo, embora abordando o tema por ângulos diferentes, podem se complementar na busca por uma compreensão mais profunda da natureza humana e dos fenômenos que envolvem a vida e a morte. É fundamental manter uma postura aberta e respeitosa em relação a diferentes crenças e explicações, buscando sempre o diálogo e a troca de conhecimentos.

Referências

  • "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec. Questões 79 e 146.
  • Artigo “Personality Changes Associated with Organ Transplants” - MDPI

Marcelo de Andrade é voluntário do P3B na Fraternidade Cristã

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