
O primeiro entendimento que se busca é: o que é o trabalho voluntário? É uma atividade não remunerada, não imposta ou exigida, portanto, escolhida. Muitas vezes, se tem em mente que o trabalho voluntário é uma entrega, uma doação da "sobra". De tempo, de empenho, de energia etc.
E se não sobrar? Ora, não se trabalha! Não se costuma associar trabalho voluntário com renúncia, esforço e uma pitada de sacrifício.
E o voluntário espírita? Tem um dado a mais... Esses são pessoas seguidoras da doutrina dos espíritos. Sabe-se que o voluntário espírita é um instrumento imperfeito da espiritualidade superior. Sem exceção. Mas a espiritualidade vê e sabe disso, e usa o melhor desse instrumento, que vai, cada vez mais, se aprimorando.
Sabemos também que, na imensa maioria das vezes, o trabalho voluntário é um compromisso. São resgates, combinados antes de encarnarmos. E funciona como uma excelente prova para impulsionar o espírito na sua evolução.
Ora, portanto, é uma benção. Uma gigantesca oportunidade que é dada pelo Alto para o trabalhador espírita, que só tem motivo de gratidão e alegria, não é mesmo? Mas, se é algo tão abençoado, por que temos tantas dificuldades na seara espírita voluntária? Além da falta de pessoas, não são raros os conflitos na condução dos trabalhos.
Instrumentos Imperfeitos
Essa é uma questão complexa, mas, se tem um possível fator, dentre outros: somos instrumentos imperfeitos da espiritualidade.
O problema é que muitas vezes isso é esquecido pelo trabalhador voluntário. Às vezes, se dando importância demais, esquece suas dificuldades morais.
E o mais frequente e danoso: o trabalhador, que é um instrumento imperfeito e não tem de fato a noção disso, pode ser visto por companheiros de jornada, exclusivamente pelo seu(s) defeito(s).
Está instalado o conflito. O paradoxo. O incômodo. Esse é um grande disparador de gatilhos internos para manifestações de defeitos não visíveis, encobertos pelo verniz espírita.
A inveja, o ciúme, a hipocrisia, a mentira, a ganância, a vaidade, a competição, o poder, o autoritarismo, a intolerância etc. Essas características são de espíritos imperfeitos, manifestadas, de forma agressivamente velada, também no ambiente espírita.
Qual o Remédio?
A grande orientação vem do Espírito de Verdade: "Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo 6, item 5).
Ou seja, são dois passos. Eis o que precisamos para alcançar cada um deles:
- Amai-vos: reforma íntima, autoconhecimento e educação moral.
- Instruí-vos: estudo, estudo e estudo.
Na dúvida por onde começar, vale a leitura ou releitura dos livros de codificação espírita, o Pentateuco, de Allan Kardec.
E de obras de André Luiz, Emmanuel – Chico Xavier, Léon Denis, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano, Herculano Pires, Joanna de Ângelis – Divaldo P. Franco, entre muitos outros.
O estudo é o caminho para o conhecimento da doutrina dos espíritos, para evitar que no lugar dela reine a doutrina dos espíritas.
Além disso, é preciso ter ciência que esse trabalho requer renúncia, esforço e, algumas vezes, sacrifício. Mas, que isso não tira de forma alguma, ou não deve tirar, a gratidão e alegria de servir.
Sobre a Autora
Silvia Torre é voluntária na equipe Paulo de Tarso Sem Fronteiras e no Neefa (Núcleo de Evangelização Espírita Francisco de Assis), em Sorocaba.