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"Na semeadura do bem, as colheitas virão, mas não espere por elas. Semeie-se com amor, desambiciosamente e passe-se adiante, porque a colheita quase sempre é feita por beneficiários ou trabalhadores que vêm depois. Uns semeiam, outros colhem...

Há servidores imaturos que se lastimam do tempo que se dedicaram a obras iniciadas e construídas dia a dia, com desvelo, e das quais foram afastados ou substituídos por outros a elas estranhos, que colhem o que não semearam...

E ai daquele que aqui recebe sua recompensa! Esta é sempre dada com moeda desvalorizada. A verdadeira recompensa não é dada pelo céu, ou pelo mundo; é conquista do campo interno, que se traduz por maior capacidade de construir para a eternidade, sem amarras às tarefas executadas.

Porque a glória do Criador está mais no ato de criar, que na criação em si mesma."

— Edgard Armond, "Na Semeadura I"

Semear, servir e amar é um exercício de renovação e redenção pessoal. Favorece a compreensão de que a recompensa não se registra na ação por ela gerada, nem no reconhecimento alheio, mas no aprimoramento emocional que se instala no campo interno, despertando para a libertação do orgulho e do egoísmo, que condicionam atitudes imaturas espirituais, refratárias à dor e necessidades alheias.

A imaturidade espiritual, típica do processo de construção pessoal, muitas vezes, dificulta a compreensão de que a verdadeira recompensa não virá como graça do céu, mas como acréscimo das conquistas internas, da construção de um conteúdo pessoal mais robusto, capaz de despertar um entendimento mais afinado com o nosso Criador.

Servir é ter Jesus vivo em nossos corações

Servir não é acumular bônus em nosso favor, é amparar o outro com o entendimento de que através da ação fraterna construímos uma vida mais equilibrada e amorosa.

Servir na semeadura do bem tem que ser entendido na sua amplitude conceitual. Não é só agir no externo, é superar as fronteiras pessoais, expandindo os nossos horizontes internos, saindo da nossa zona de conforto, buscando desenvolver elementos que desarmem essa imaturidade espiritual e favoreçam o autoconhecimento, o fortalecimento de nossas qualidades e o enfrentamento e superação de nossos desafios.

Na semeadura do bem, podemos admirar a boa obra, mas não se prender ao título de proprietário, porque ninguém deve se apegar às realizações; elas pertencem à coletividade, como o oceano e suas gotas.

Para aquele que serve, a recompensa se faz no seu campo íntimo com a conquista de valores morais que vão solidificando a nossa estrada espiritual. Esta conquista do campo interno favorece o entendimento do outro, e, consequentemente, da nossa disposição para atuar onde formos chamados a servir, dentro e fora do centro espírita, tendo o mundo como nossa lavoura e escola.

É sair da passividade automática que a vida material nos condiciona, abandonando as ações mecanizadas e buscando no campo do espírito, agregar valores permanentes para a eternidade. Jesus nos convida a nos assenhorarmos de nossas ações, redesenhando o nosso propósito no mundo.

“Adormeci e sonhei que a vida era alegria; despertei e vi que a vida era serviço; servi e vi que o serviço era uma alegria.”

— Rabindranath Tagore

Sobre a Autora

Carmen Heloisa Armani é voluntária do Cempe, na Regional SP-Centro.

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