Ecologia: responsabilidade e amor pela vida
Na Torá, livro sagrado do judaísmo, está escrito: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no Jardim do Éden para o cultivar e guardar” (Gênesis 2:15). E ainda: “Do Senhor é a terra e tudo o que nela há, o mundo e aqueles que nele vivem” (Salmo 24:1).
No Islamismo, o Alcorão diz: “Ele é quem criou para vós tudo o que há na terra…” (Alcorão 2:29). E também: “A corrupção apareceu na terra e no mar por causa do que as mãos dos homens fizeram…” (Alcorão 30:41).
O Budismo nos convida à compaixão universal e à interdependência de todos os seres. O cuidado com a natureza é parte do caminho de iluminação.
Nas tradições afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé, cada elemento da natureza é sagrado: as águas, os ventos, as florestas, as pedras. Os Orixás vivem e se manifestam na criação.
Exemplo maior nos deixou Jesus: “Olhai os lírios do campo... nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles” (Mateus 6:28-29). Em sua jornada, Jesus nos ensinou a amar a criação de Deus e extraía da natureza lições de sabedoria.
O que todas essas tradições têm em comum? A Terra é sagrada. A vida é interligada. Cuidar da Criação é parte da jornada espiritual.
E o que diz o Espiritismo?
O Espiritismo oferece valiosos subsídios para uma visão integral do meio ambiente, associando-o ao progresso moral da Humanidade. Natureza, animais, recursos naturais e os desequilíbrios não são alheios ao projeto divino — são parte dele.
Cuidar do planeta não é apenas prático, é espiritual. É reconhecer no mundo natural a expressão do amor divino. Esta responsabilidade vai além de rios, árvores e solo: inclui todas as formas de vida. Os animais são companheiros de jornada, merecedores de dignidade e oportunidade evolutiva.
Em um mundo materialista e consumista, onde a Terra é tratada como bem descartável, o Espiritismo lembra: nada nos pertence, tudo nos é confiado. E não esqueçamos: somos reencarnacionistas. Para cá retornaremos se assim nos for designado. O planeta é escola e templo, onde a alma trilha seu caminho à procura da luz.
Em O Livro dos Espíritos, a preservação ambiental é abordada na Lei de Conservação e na Lei de Destruição. A primeira nos orienta a preservar; a segunda à renovação. Mas o abuso, quando o homem destrói sem necessidade, gera desequilíbrio e dor.
O Espiritismo reconhece a interdependência da vida. A degradação de um elemento da natureza afeta o todo. A harmonia entre humanidade e natureza é essencial ao bem-estar coletivo e à evolução espiritual.
Um exemplo poderoso dessa interdependência está na humilde, porém vital, existência das minhocas. Sem elas, o solo perde fertilidade, os nutrientes deixam de circular, a agricultura sofre. As minhocas decompõem matéria orgânica, arejam o solo, retêm água. Sem elas, o ciclo da vida enfraquece.
Ao admirarmos um tigre-de-bengala, flamingos ou tuiuiús em revoada no Pantanal, também somos chamados a olhar para a importância dos seres mais simples, como a minhoca invisível, até desprezada, mas essencial.
A vida se sustenta em equilíbrio: dos maiores aos menores. Essa visão espiritual e ecológica é um convite à responsabilidade e à esperança. O Espiritismo nos chama a ser guardiões da Terra, cuidando dela como templo sagrado e escola bendita da alma.
Silvia Torre é da Equipe PTSF e voluntária do NEEFA Sorocaba