
160 anos de ‘Evangelho Segundo o Espiritismo’: as lições de Jesus interpretadas pelos espíritos
O livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo” completa 160 anos neste ano de 2024. Terceira obra da codificação de Allan Kardec, foi publicada em 1864, logo após “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”.
Em homenagem à data, a Aliança está promovendo uma campanha comemorativa, com incentivos à compra de livros com desconto para distribuição. Neste texto, vamos relembrar as principais lições da obra, tão necessárias para a nossa jornada de reforma íntima.
O livro analisa trechos selecionados do “Novo Testamento” à luz do Espiritismo e sob a orientação do Espírito da Verdade, onde diversos espíritos aprofundam explicações dos ensinamentos de Jesus no Evangelho.
Logo na introdução, nos são apresentados Sócrates e Platão como precursores da ideia cristã e do Espiritismo, utilizando a razão para explicar e entender a vida. Na sequência, vem a interpretação de diversas lições de Jesus.
Em “Não vim destruir a lei”, faz referência às leis de Moisés, que nos trouxe o ensinamento da Justiça, complementado posteriormente com as lições de amor de Jesus.
Partimos então para o entendimento do “Meu Reino não é deste mundo” sobre a vida futura, a fé inabalável, o verdadeiro mundo da eternidade que estamos na escalada para vivê-lo.
Nesta escalada, vamos para a compreensão de que “Há muitas moradas na casa de meu Pai”, que nos conta sobre os diferentes estados da alma na erraticidade, sobre as diversas categorias de mundos habitados e a destinação da Terra.
A partir daí, ele nos explica que “Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo”, detalhando os conceitos de ressurreição e reencarnação, os limites e laços de família.
Explica-nos ainda o que acontece na nossa jornada com o “Bem-aventurados os aflitos”, expondo-nos como funciona a justiça das aflições, suas causas, o porquê do esquecimento do passado, motivos de resignação e nos lembra que a verdadeira felicidade não é deste mundo material.
O livro nos mostra que precisamos renascer e vivenciar diferentes provas para alcançar as moradas verdadeiramente felizes e nos traz o significado de “O Cristo Consolador”, o consolador prometido, e o Espírito da Verdade para o jugo leve.
E amparados na mensagem do Consolador, recebemos as orientações eternas e completas das bem-aventuranças, aquelas do Sermão da Montanha.
Já elevados pelos ensinamentos do Sermão do Monte, vamos ao entendimento do que é o amor, o egoísmo, a fé e a caridade para que possamos “Amar o próximo como a nós mesmos”.
Partimos então para a parte mais difícil, que é tentar entender esta parcela um pouco mais complicada da evolução: “Amai vossos inimigos” e “Que a vossa mão esquerda não saiba o que dá a vossa mão direita” são dois capítulos de entendimento mais demorado para nossa alma, pois temos que aprender a praticar virtudes mais apuradas como o perdão profundo e a caridade sem ostentação.
Ampliando então nossas virtudes e reduzindo nossos defeitos podemos assim performar o “Honra teu pai e tua mãe” com o entendimento do parentesco corporal versus o espiritual e implicações nos laços de família.
Aprofunda, então, conhecimentos sobre “Fora da caridade não há salvação” e o maior de todos os mandamentos “Amar a Deus de todo o nosso coração, de toda a nossa alma e de todo o nosso espírito” e o segundo maior “Amar ao nosso próximo como a nós mesmos”.
Na sequência somos presenteados com o detalhamento de uma questão que nos aflige a todos ao fazermos a transição do material para o espiritual sobre os bens terrenos e a máxima “Não se pode servir a Deus e a Mamon” complementando com o “Sedes Perfeitos” e as características que devemos buscar para ascender cuidando do corpo e do espírito e cultivando virtudes.
Fala também da porta estreita e que “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos”, pois cultivar virtudes e mudar dá trabalho, porém ajuda-nos a construir nossa “Fé que transporta montanhas”, saindo da fé humana para a fé divina, confiando.
Nos lembra ainda que os espíritas são “Os trabalhadores da última hora”, o que podemos entender como: meus irmãos, com este conhecimento do mundo espiritual, vamos mudar nosso interior para que possamos praticar mais a caridade.
Mas, no nosso caminho, devemos cuidar para não cairmos no fanatismo e no entendimento restrito, pois “Haverá falsos cristos e falsos profetas”, portanto devemos estudar e desenvolver nosso senso crítico e fé raciocinada.

Sabedoria, fé e vontade
Explica ainda algumas passagens sobre casamento, moral e que os mistérios da vida nos são revelados conforme a nossa própria maturidade espiritual.
Com sabedoria e fé inabalável, teremos capacidade para entender o “Buscai e achareis”, confiando na providência divina ajudando-nos na certeza de que nossa vontade no bem será amparada pelos espíritos do mais alto.
Partimos então para o entendimento de que a comunicação com o mais alto será cada vez mais comum e mais benéfica com a evolução moral da sociedade, sempre lembrando de que “De graça recebestes, de graça dai”.
E, finalizando, nos ensina como nos comunicar através das preces, orientando-nos a “Pedir e obter” de coração, com sabedoria porque nosso Pai já sabe mesmo antes de pedirmos qual a nossa real necessidade e como um Pai de amor tudo que Ele quer é nossa evolução.
Que aprendamos a amá-lo e com isto a amar o próximo como a nós mesmos e que, como orientado pelo Espírito da Verdade voltando ao prefácio desta magnífica obra, possamos participar quando convocados pelo divino concerto a tocar a lira, a unir nossas vozes, num hino sagrado, estendendo-se e vibrando de uma ponta a outra do Universo. Fiquemos com Deus.
Mauro Iwanow Cianciarullo é da Equipe de O Trevo e do CEEA (Regional Oeste).