Centro espírita: uma casa de acolhimento

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Nesse trecho do Sermão da Montanha, Jesus trouxe alento àqueles que sofrem.
O sofrimento é, muitas vezes, um combustível para acelerar nossa jornada de evolução espiritual. É por isso que os que choram são bem-aventurados, pois estão no caminho para um dia viverem em mundos mais felizes.
Por mais dolorosas que sejam as experiências deste mundo, devemos nos lembrar que elas têm um caráter divino. São as provas e expiações que ensinam os espíritos a desenvolver virtudes como paciência, resignação e fé.
Costumamos dizer que chegamos ao Espiritismo por dois caminhos: pelo amor ou pela dor. Creio que o segundo tenha mais adeptos. Aqui mesmo na Aliança, 67% dos voluntários começaram a frequentar uma casa espírita nas salas de Assistência Espiritual, segundo dados do Censo 2023 da Aliança Espírita Evangélica.
Não cabe a nós julgar o sofrimento de cada um. O que precisamos é estar preparados para receber irmãos fragilizados em nossas casas.
O Consolador prometido por Jesus
Jesus prometeu aos homens enviar um “consolador”, que hoje entendemos ser a doutrina espírita.
Em "A Gênese", Allan Kardec escreveu: “são em grande número os aflitos; não é, pois, de admirar que tanta gente acolha uma doutrina que consola, de preferência às que desesperam, porque aos deserdados, mais do que aos felizes do mundo, é que o Espiritismo se dirige. O doente vê chegar o médico com maior satisfação do que aquele que está bem de saúde; ora, os aflitos são os doentes e o Consolador é o médico.”
O Espiritismo tem como base a fé raciocinada, ancorada em três pilares: ciência, filosofia e religião.
A doutrina vem se aprimorando desde sua fundação na forma de melhor atender aos que batem à porta. Primeiro vieram os necessitados de conhecimento, buscando entender o mundo espiritual e se libertar dos dogmas. O voluntário do centro espírita precisava estar apto a dar explicações sobre a doutrina.
Hoje os fundamentos do Espiritismo estão bastante disseminados e a maior necessidade, além da ajuda material, é o apoio moral aos que sofrem as dores da alma.
Hospital, escola e abrigo
Diante desse cenário, precisamos nos preparar para atender melhor o maior número destas pessoas que chegam ou estão entre nós. A casa espírita de hoje deve ser um lugar que tem um pouco das várias instituições da sociedade.
É um hospital que leva o lenitivo de dores, uma escola que ensina a verdade para libertar o homem, mas acima de tudo uma casa de acolhimento, onde o mais importante é abrir os braços para receber com amorosidade os que chegam.
Jesus levou o consolo aos sofredores e pecadores, sem julgamentos, sem distinção de raça, gênero ou ideologia.
Inspirados no exemplo do Mestre, nossos voluntários abraçam as diferentes tarefas com alegria. Nos nossos trabalhos, precisamos nos esforçar para fazer a luz chegar cada vez mais longe, como um farol que atrai aqueles que estão à deriva.
Que nossas casas sejam um porto seguro para todos.
Luiz Amaro é diretor-geral da Aliança