Acolhimento fraterno: como receber os que chegam pela dor

Recepção acolhedora na entrada da casa espírita

Um grupo de voluntários da Aliança tem se reunido para dialogar e trocar impressões sobre como podemos melhor atender àqueles que chegam em nossas casas em busca de conforto espiritual. São irmãos sedentos de alento para suas carências emocionais, cada vez mais comuns nestes tempos em que vivemos.

Compartilhamos neste texto algumas reflexões dos nossos encontros.

Escutar o outro!

Inexplicável o que sentimos à medida que vamos exercitando essa postura em nossa rotina. Escutar é um recurso para servir, simples e acessível, que gratifica e fortalece nossa autoconfiança e alegria quando conseguimos compreender e aplicar em nossa vida cotidiana.

Escutar, com respeito e compreensão, como estamos aprendendo, é muito mais que ouvir simplesmente. Tem a ver com sentimento, e com a plenitude do ser espiritual, que todos somos.

Temos aprendido, a partir da vivência já consolidada pelos voluntários do CVV (Centro de Valorização da Vida), que podemos utilizar esse recurso da “escuta compreensiva”.

Basta querer e, a partir daí, iniciar um processo de estudar o assunto, de preferência em grupos de afinidade, e com treinamento e dedicação podemos nos capacitar para servir melhor nossos semelhantes, onde quer que estejamos.

Tivemos, em nossas vivências sobre este assunto, vários depoimentos de irmãos de ideal sobre os resultados que obtiveram assim que começaram a exercitar esse novo modo de conviver, principalmente com familiares e pessoas mais próximas.

Dentre os vários ensinamentos, aprendemos que é preciso evitar o aconselhamento pura e simplesmente. Essa é nossa primeira reação quando nos colocamos como ouvintes dos problemas do próximo. Controlar a ansiedade e confiar que a outra pessoa deseja apenas que alguém a ouça pode ser um bom começo.

Escutar com empatia

Entrevista fraterna sendo realizada com atenção e carinho

Precisamos evitar, também, uma postura de indiferença, de distanciamento, muitas vezes assumida a título de não interferir ou interromper. A outra pessoa precisa sentir que queremos ouvi-la verdadeiramente.

Sim, precisamos ser verdadeiros. Uma postura passiva perante alguém que esteja aflito, ou necessitando falar, desabafar, dividir uma carga emocional, não pode se transformar em desconforto para quem ouve.

Se não estamos disponíveis para ouvir, é melhor sermos sinceros conosco e com o outro, e comunicar nossa indisponibilidade naquele momento. Mas podemos, em outra ocasião, voltar ao assunto, demonstrando solidariedade e interesse pelo outro.

É possível que tenhamos surpresas à medida que adotarmos e confiarmos nesse recurso de boa convivência. As pessoas não estão acostumadas a serem ouvidas plenamente, sobretudo os familiares mais próximos, que podem até estranhar e ainda desconfiar do nosso comportamento.

Estaremos em processo de aprendizado e de confiança na nova prática, mas os resultados virão, nos trazendo estados íntimos de gratidão e alegria interior.

Podemos e devemos exercitar a capacidade de ouvir mais, escutando com compreensão. Isso é aquele “algo a mais” na arte de escutar.

Percebemos que ainda há muito o que aprender sobre o assunto. Mas a cada dia podemos colher bons frutos, de acordo com as experiências de cada grupo associadas às boas práticas que vamos semeando em nossos encontros em Aliança.

Essas lições de escuta fraterna podem ser adotadas tanto na nossa vida pessoal como em nossas tarefas assistenciais na casa espírita em que atuamos.

Recepção aos sofredores

Preleção no salão com público atento às reflexões

Todos nós chegamos algum dia ao centro espírita “por amor ou pela dor”, como costumamos dizer. É preciso receber com muita atenção e carinho os que batem à porta das nossas casas.

Confiantes na presença constante de nossos bons amigos espirituais e com a luz bendita do nosso Mestre Jesus a nos inspirar, estaremos sempre nos aperfeiçoando a cada dia.

Atuando em nossas casas espíritas ou em outras frentes do trabalho voluntário, vamos nos aperfeiçoando como espíritos em evolução, milímetro a milímetro.

Vivência doutrinária em grupo na casa espírita

Escutar mais e melhor pode nos proporcionar satisfação e uma certeza de que podemos fazer a diferença para aqueles que convivem conosco na vida diária.

Como espíritos em constante evolução, não podemos perder as oportunidades que surgem. Então, juntos, trocando vivências e compartilhando pequenas e valiosas conquistas, vamos contagiando, aos poucos e positivamente, os ambientes em que estamos, junto às criaturas que tivemos o merecimento de reencontrar pela graça da reencarnação.

Confiemos em nós e na bondade infinita do Criador.

Equipe Acolhimento Fraterno

Escuta compreensiva: uma ferramenta de apoio emocional

Temos percebido que o público das casas espíritas tem mudado. Hoje muitos procuram o apoio das casas por estarem em profundo sofrimento emocional. Logo, as velhas práticas de aconselhamento, com indicação de obras doutrinárias, não têm surtido o efeito desejado.

O que nossos irmãos precisam é de apoio emocional por meio da escuta compreensiva, isenta de julgamento, críticas e doutrinação.

Pensando nisso, a Aliança, através do CGI (Conselho de Grupos Integrados), elaborou o projeto com o título Acolhimento Fraterno. Esse projeto resultou num Curso para Formação de Entrevistadores para a Casa Espírita, que foi apresentado para as Regionais em 2023.

Esse curso de seis módulos de 2h30 propõe reflexões na compreensão do sofrimento humano das pessoas que nos buscam com ansiedade, tristeza, depressão, ideação suicida e alguns já com tentativas de suicídio.

O curso ensina como lidar com essas pessoas exercitando a escuta compreensiva, o respeito e a aceitação incondicional. E, para isso, precisamos rever nosso processo de reforma íntima, aprendendo a escutar mais e falar menos. Saber escutar é uma arte e, como arte, pode ser desenvolvida. É isso que o curso propõe.

Aqui na Regional Centro-Oeste, junto com o plano espiritual, formatamos uma ferramenta para tratamento de pessoas com depressão.

Foi um trabalho longo de mais de três anos até ser disponibilizado para as casas.

Além do atendimento mediúnico e entrevistas semanais, os assistidos participam de um grupo de apoio com estudos e reflexões, auxiliando-os a buscar a compreensão de si e de suas dores.

Todas essas iniciativas nos levam à prática como servidores e discípulos do Cristo do aprendizado recebido e desenvolvido na Escola de Aprendizes do Evangelho e no Curso de Médiuns, seguindo o exemplo daquele que é o caminho, a verdade e a vida.

Ana Rosa Ramos Nunes é do Centro Espírita Maria de Nazaré e Instituto Espírita Edgard Armond

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