Espírita e autista: conheça a jornada de Nicholas

Espíritos imortais em desenvolvimento. É o que nós somos, é o que nos ensina a doutrina espírita.
A cada encarnação temos novas experiências, novas oportunidades para nossa evolução.
As experiências são diferentes, mas, todos juntos, contribuímos para a evolução da Humanidade, que é um processo coletivo e individual.
Não é de hoje que a Pedagogia nos orienta a oferecer estímulos diversificados para o aprendizado.
É importante valorizar as potencialidades de todas as pessoas. No caso das pessoas com deficiência, devemos sempre nos lembrar que a deficiência é apenas uma parte do seu todo.
O tema inclusão vem ganhando relevância na sociedade. As turmas de Evangelização Infantil estão buscando cada vez mais trabalhar com uma perspectiva inclusiva.
Para ilustrar esse movimento, O Trevo traz a história do Nicholas, um jovem com autismo que chegou ao CEAE Patriarca aos 5 anos e hoje está na Pré-Mocidade. Para contar a experiência, publicamos o depoimento de dois evangelizadores da casa e de seus pais.
Equipe de Apoio da Evangelização Infantil
A Chegada
“Nicholas chegou à Evangelização Infantil com cinco anos, acompanhado de seus pais. Durante a entrevista se manteve sempre irrequieto. Os pais informaram que o filho estava no espectro autista. Após, foram encaminhados para o salão, onde todas as crianças aguardam ser chamadas para o passe e depois para as aulas.
Nas primeiras vezes, Nicholas demonstrou comportamento agressivo, agredindo as crianças. Corria pelo salão, onde havia um cesto cheio de pelúcias para distrair as crianças menores. Interessou-se pelas pelúcias, escolhendo um macaco e um coração vermelho.
Manteve, por certo tempo, comportamento agressivo que necessitava da mediação do pai, pois quase não se comunicava oralmente com as demais pessoas. Mas isso mudou com o tempo…”
Ivete Tamashiro – Evangelizadora
Persistência, evolução e integração
“Desde o começo sempre participei de quase todas as atividades na Evangelização Infantil acompanhando Nicholas. No início ele não interagia com outras crianças, tinha um comportamento elétrico, inquieto e algumas vezes rebelde. Não confiava nas pessoas, tinha dificuldade de participar das aulas, não gostava de ficar na sala. Transitava pela casa, entrava nas outras salas e saía delas, atrapalhando as aulas das demais crianças.
Com o tempo, começou a interagir com algumas pessoas e teve um desenvolvimento notável. Na pandemia de 2020 entramos em recesso e o pai do Nicholas procurou outros recursos para ajudar o desenvolvimento dele.
Assim que retornamos, Nicholas voltou a frequentar a casa espírita. Estava diferente, cresceu e se desenvolveu bastante. Já estava na pré-adolescência e interagia melhor com as pessoas. Mesmo assim, não participava das aulas direito. Ficava pouco tempo dentro da sala.
Com ajuda, incentivo e com o empenho da família, que foi em busca de novos tratamentos, Nicholas começou a participar melhor das aulas. Comunicava-se melhor, com mais confiança e afeição, sempre pedindo ao seu pai para levá-lo à evangelização infantil.
Hoje ele frequenta a Pré-Mocidade. É um jovem lindo, com 15 anos, que participa quase integralmente das aulas. De vez em quando, ainda sai para dar um passeio pela casa. Vai até a sala das crianças ver se está tudo bem e entra na sala dos Pais para dar um alô. Conta como foi a sua semana, fala das aulas de futebol, da escola, com riqueza de detalhes.
Ele é extraordinário, carinhoso, inteligente e esperto. Tem a bondade em seu coração. Preocupa-se com o que acontece no mundo, expressando sua própria opinião. Está na adolescência, quando os interesses começam a ser outros. Outro dia ele veio pedir para namorar a minha filha! É um menino educado, com um sorriso lindo. Espero que ele continue assim. Sou muito grato por participar do desenvolvimento do Nicholas.
A dificuldade de comunicação acaba provocando a rejeição por parte de algumas pessoas. A pessoa com autismo precisa de compreensão e apoio. Precisamos ajudá-los a interagir e encontrar formas para que eles consigam se desenvolver, respeitando os seus limites. Nenhum rótulo pode definir o nosso limite!”
Eduardo Zanovello – Evangelizador
A gratidão da família pelo acolhimento
“Buscávamos entender o caso do Nicholas e, por indicação de uma amiga, chegamos à casa espírita em 2014, onde fomos muito bem acolhidos. A partir daí, participamos da Assistência Espiritual, começamos a buscar paciência e amor para lidar com ele, pedindo vibrações para sua evolução.
Assim foram acontecendo as melhoras em seu comportamento. Percebemos que o Nicholas teve uma evolução muito expressiva, como resultado da atenção dos evangelizadores da infância. Agora, na Pré-Mocidade, continua seu desenvolvimento.
Queremos agradecer por tudo que conquistamos juntos. Não é uma tarefa fácil, mas temos Deus e vocês da casa espírita, que nos acolheram sem exigir nada em troca.
Sem saber como seria o comportamento do Nicholas nos dias seguintes, como ele iria reagir, preocupados com a reação dos outros pais, nosso coração ficava muito apertado. Mas, graças a Deus e a vocês, que nunca desistiram do Nicão e que acreditaram nele, hoje podemos perceber que o Nicholas é um adolescente melhor em seu comportamento e que está buscando novos desafios em sua vida. Gratidão a cada um de vocês, que nunca param de trabalhar em prol de todos esses adolescentes. Valeu, pessoal!”
Ronald e Cinthia – Pais do Nicholas