Escola de Aprendizes do Evangelho e a Lei do Amor

Um coração se forma com peças de um quebra-cabeça

Era uma vez um homem chamado Paulo. Não o de Tarso. Paulo, um nome fictício, um personagem de uma história como a história de muitos de nós. Paulo era um espírito encarnado já fazia 36 anos. Vivendo no mundo, cultivava alguns dos hábitos do mundo. Bebia socialmente, fumava por vezes, convivia com família, amigos e colegas de trabalho, sem maiores preocupações com suas atitudes.

Cultivava uma espiritualidade não praticante. Acreditava em Deus, em vista da educação religiosa recebida na infância, mas não frequentava qualquer templo religioso. De vez em quando colaborava com alguma causa mais nobre: comprava uma rifa aqui, um almoço beneficente acolá, sem maiores atividades ou preocupações com o auxílio ao próximo. Um homem comum, com hábitos comuns.

Com o primeiro obstáculo de maior monta em sua vida, o desencarne de sua mãe, interessou-se por saber o que acontecia conosco depois "daqui". O acaso fez com que um casal de amigos o convidasse para assistir a uma palestra espírita, num centro simples, próximo de sua casa. Algo o interessou, mas sem maiores pretensões. Paulo frequentou as palestras irregularmente no início, até firmar a vontade e não faltar mais às sessões de passes e preleção. De alguma forma, este evento semanal lhe confortava e aumentava sua curiosidade sobre o lado espiritual da vida.

No primeiro convite para estudos mais sérios, num Curso Básico de Espiritismo, Paulo logo se alistou. Nas aulas viu muitas de suas perguntas serem respondidas, e algo mudar dentro de si. Nada extraordinário, apenas algo estava diferente. Aqueles encontros o preenchiam de alguma forma, e ele começava a ansiar pela nova etapa mencionada pelo dirigente da turma.

Terminado o Curso Básico, iniciou a EAE (Escola de Aprendizes do Evangelho). Grande emoção lhe tomou conta na aula inaugural, quando se deparou com as diretrizes amorosas e disciplinadoras. A mensagem espiritual recebida ao vivo, pela médium convidada para fazer aquele primeiro intercâmbio espiritual que testemunharia, o tocou profundamente. O compromisso entre Paulo e Jesus estava selado. Ele estava determinado a ir até o fim daquele novo curso.

Primeiro ano da EAE, grau de aprendiz. Muitas vivências novas: caderno de temas, caderneta pessoal, caravanas de evangelização e auxílio. Expectativas grandes, tudo era novidade. Descobriu que para estar no Curso de Médiuns, no segundo ano de EAE, precisaria deixar velhos vícios. Este era o impulso que faltava. O cigarro e a bebida foram eliminados naquele primeiro ano. Paulo iniciou os primeiros trabalhos voluntários nas caravanas e nas Vibrações Coletivas. Dúvidas sobre Jesus eram respondidas aula após aula. A vida lá fora continuava, nem tudo era fácil, mas tudo começava a fazer mais sentido.

O contato direto com seu mentor, no exame espiritual do primeiro ano da Escola, com a indicação de trabalhos voluntários nos quais ele deveria se engajar (Evangelização Infantil e Passes), lhe deram novo ânimo para prosseguir firme no grau de servidor. Curiosidade e senso de dever crescente lhe abriram as portas dos cursos de Médiuns e de Evangelizador Infantil. Os trabalhos voluntários foram se avolumando. Paulo nunca havia se imaginado fazendo tais atividades.

Sentia que o compromisso era mais sério agora. Era mais difícil olhar para si e trabalhar defeitos. Egoísmo, orgulho, vaidade. No entanto, as anotações na caderneta pessoal fluíam, e era cada vez mais fácil se perceber e mudar pequenas atitudes. As aulas e os expositores traziam novos esclarecimentos. Os exercícios de vida plena o ajudavam a perceber que não estava sozinho. Outros passavam por coisas parecidas, e isso o fortalecia na caminhada.

O exame espiritual do segundo ano transcorreu sem maiores sobressaltos, e o terceiro ano da Escola prosseguiu com muito estudo, trabalho e reforma íntima. As quedas ainda ocorriam, mas levantar era mais fácil. Superado o exame espiritual do terceiro ano, a caminhada de Paulo prosseguiu para o estágio probatório. Agora ele precisava decidir se queria ou não seguir para o terceiro grau da Escola, o grau de discípulo. Depois de alguns meses de reflexão, não tinha dúvidas: queria seguir os passos do Cristo.

O exame espiritual de ingresso na Fraternidade dos Discípulos de Jesus e a cerimônia de passagem para o grau de discípulo foram um marco inesquecível na vida de Paulo. Mas a caminhada de verdade apenas começava. Chegava o momento de testemunhar o Evangelho do Cristo.

Palavras ouvidas outrora, no curso de sua caminhada, marcavam o seu compromisso: “O discípulo é aquele que conduz, não é mais conduzido”. E assim prosseguiu, agora tomando a frente de tarefas dentro e fora do centro espírita, colaborando com outros discípulos em frentes de trabalho diversas. Estudo, trabalho e reforma íntima prosseguiam, mas agora com a responsabilidade de levar adiante o Ideal de amor assimilado na Escola…

Ilustração sobre a Escola de Aprendizes do Evangelho e a Lei do Amor

A trilha da reforma íntima

Todos nós, discípulos, provavelmente temos histórias semelhantes à do nosso amigo Paulo. A Escola de Aprendizes do Evangelho, como uma estrada de aprendizado do Amor, nos conduz sempre pela mesma trilha, aquela que nos foi ensinada pelo Cristo. E é só olhando para trás que percebemos como a Escola nos ajuda, aos poucos, a assimilar a Lei do Amor.

No primeiro grau, o grau de Aprendiz, começamos o aprendizado do amor por nós mesmos. O autoamor, base do edifício do Evangelho, é construído a partir do momento que deixamos no primeiro ano os vícios mais grosseiros, cuja maior vítima somos nós mesmos. Amar a si próprio é cuidar de si, e a lição do primeiro grau da EAE é começar a cultivar esse autoamor.

No segundo grau, o grau de Servidor, começamos a aprender a amar o próximo. Servir é o novo lema, e cada tarefa nos aproxima mais desse amor pelos nossos irmãos. Aqui intensificamos a construção do Reino de Deus dentro e fora de nós, tendo como apoio aqueles que aprendemos a amar.

No terceiro grau, o grau de Discípulo, é onde começamos a aprender a amar a Deus. Amamos a Deus quando assumimos a sua obra, quando entendemos o prêmio do trabalho em sua seara e o privilégio conquistado de dirigir trabalhos de consolação e redenção, em nome de Deus nosso Pai. Aqui, amar a Deus é fazer a sua obra.

Por óbvio, os aprendizados da Lei do Amor se acumulam em cada grau da EAE e se intensificam, mas é em cada grau que o foco é ampliado e a lição ganha novos contornos. É assim que a Escola de Aprendizes do Evangelho, geração após geração, vai ajudando a gravar nos nossos corações a Lei Máxima que nos foi ensinada e testemunhada pelo Cristo:

“Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Este é o resumo de toda a Lei e de todos os Profetas.”

E acrescentamos: este é o legado da Escola de Aprendizes do Evangelho para todos nós.

Carlos Eduardo Latterza de Oliveira
Centro Espírita Luz do Evangelho – Regional Centro-Oeste

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