Pedagogia Espírita: De Pestalozzi a Eurípedes Barsanulfo, sob a Luz de Jesus

Johann Heinrich Pestalozzi (1746–1827), grande educador suíço, dedicou-se à instrução de crianças pobres e órfãs, especialmente durante e após as Guerras Napoleônicas. Mesmo enfrentando dificuldades financeiras, acolhia os desamparados com abrigo, alimento, dignidade, afeto e ensino. Sua vida era expressão viva do princípio “Fora da Caridade não há Salvação”.
Inspirado pela espiritualidade superior e guiado pelo Cristo, Pestalozzi trilhou um caminho de luz. Desde o nascimento em Zurique, dedicou-se a fundar escolas como Neuhof, Stans, Burgdorf e a célebre Yverdon, em 1804. Nesta última, estudou, de 1815 a 1823, Hippolyte Léon Denizard Rivail, o futuro Allan Kardec, tornando-se seu monitor em 1819.
Pestalozzi foi inovador: valorizava o desenvolvimento moral, intelectual e prático – educando coração, mente e mãos. Seu método intuitivo buscava respeitar a individualidade da criança, cultivando seu potencial divino com amor e paciência. Rompia com o ensino rígido tradicional, propondo uma educação inclusiva e humanizadora. Suas ideias foram influenciadas por Rousseau (1712–1778), que, por sua vez, inspirou-se em Comenius (1592–1670), precursor da pedagogia moderna.
Nesse ambiente, Rivail absorveu princípios de uma pedagogia voltada ao progresso espiritual. Como Allan Kardec, manteve vivas essas raízes ao propor uma educação formadora de consciências éticas. Ao lado de sua esposa, Amélie Gabrielle Boudet, também educadora, acolhia jovens em casa e lhes oferecia educação gratuita e integral.
Para Kardec, a educação era missão espírita: um processo de elevação da alma, em sintonia com o Evangelho do Grande Pedagogo da Humanidade – Jesus.
No Brasil, essa corrente encontrou novo fôlego com Eurípedes Barsanulfo. Inspirado por Pestalozzi e Kardec, fundou em 1907 o Colégio Allan Kardec, em Sacramento (MG). Unindo disciplinas tradicionais ao ensino moral do Evangelho e do Espiritismo, visava formar não apenas estudantes, mas espíritos conscientes de seu papel no mundo e na eternidade.
Para Eurípedes, educar era iluminar corações, despertar consciências e semear fraternidade – como fizera Pestalozzi. Sua obra continua viva, inspirando educadores e instituições comprometidas com um mundo mais justo e espiritualizado.
As trajetórias de Pestalozzi, Kardec e Eurípedes entrelaçam-se numa luminosa corrente, onde a educação transcende a instrução e se torna missão de amor e regeneração. Um entrelaçamento coerente ao longo do tempo, guiado pela espiritualidade superior sob a tutela de Jesus, o Cristo de Deus.
Nessa linha, vemos também Comenius, Jan Hus, Rousseau, Herculano Pires, Dora Incontri e outros. É nesse contexto que se consolida a pedagogia espírita, cujos princípios fundamentais são: amor, liberdade, igualdade com singularidade, naturalidade, educação ativa e integral (corpo, mente e espírito). Trata-se de uma prática em constante construção, baseada no respeito e na valorização da criança, não como “folha em branco”, mas como ser com características e potenciais próprios.
Continua na próxima edição.
Referências
- “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec – questão 383
- Revista Pedagógica Espírita
- “Pestalozzi, Um Romance Pedagógico”, Walter Alves
- “Introdução ao Estudo da Pedagogia Espírita”, Walter Alves
- A influência de Pestalozzi na Doutrina Espírita – Dora Incontri (Vídeo do Youtube e Artigo da Internet)
Silvia Torre é voluntária na Equipe Paulo de Tarso sem Fronteiras e no Neefa (Núcleo Espírita de Evangelização Francisco de Assis)