Consolar para ser consolado

Consolar para ser consolado

“O amor que dou é o amor que sinto. A força que transmito é a força que me levanta. O sorriso que ofereço é o sorriso que me cura da tristeza. O pão que dou mata a minha fome de amor. O perdão que concedo dissolve as minhas agressões.”

(“Dentro de Mim”, de José Carlos de Lucca)

José Carlos de Lucca nos concede essa valiosa reflexão sobre a importância dos relacionamentos fraternos para o nosso próprio equilíbrio. Aquilo que doamos retorna, abastecendo o nosso íntimo como elemento de cura e transformação.

Atitudes altruístas, como o perdão, a misericórdia, a caridade, entre outros, possibilitam que encontremos o equilíbrio, o bem-estar, e nos ajude a sermos pessoas melhores.

Amar é uma exteriorização do nosso campo íntimo projetando sentimentos elevados de bem-querer, que renovam, curam e expandem as relações interpessoais e o nosso espírito. É quando abrimos o nosso coração deixando escoar mágoas, preconceitos, culpa e tantos outros ranços, fruto do orgulho e egoísmo.

O amor é o elemento primordial constituinte do universo de Deus, o nosso Pai Criador. E, sendo assim, só pelo amor é que poderemos expandir todas as nossas possibilidades espirituais.

É na prática de acolhimento ao outro que abrimos as portas do nosso coração para abandonarmos ideias cristalizadas em nossas dores e sofrimento, passando a ser o único foco de nossas vidas. É na troca fraterna que ocorre a liberação de possibilidades íntimas que se encontram em estado de latência e que podem nos fortalecer e amparar em nossas lutas pessoais.

Nesse intercâmbio influenciamos e somos influenciados. Somos todos imagens e reflexos. É naquilo que identifico no outro como positivo e negativo, que vou buscar elementos para a minha própria estruturação pessoal.

Francisco de Assis, exemplo de amor, em sua prece mais conhecida destaca a importância dessa ressonância espiritual em nossas vidas, quando nos concede uma espécie de senha para que possamos desenvolver o amor em nossos corações. Ele nos alerta que é “dando que recebemos”, em um movimento de emissão e captação.

Precisamos compreender que essa “senha” (dar para receber) não significa troca de favores, nem saldo bancário espiritual, que sacamos para as nossas necessidades, nos momentos de dores, alegando o quanto beneficiamos o outro. É ação fraterna desinteressada de reconhecimento, de cobranças e expectativas. É dar vazão ao nosso rio de amor, submerso pelas necessidades de exclusividade e satisfação pessoal, reconhecendo que somos operadores a serviço da misericórdia divina para o amparo mútuo. Somos irmãos e filhos do mesmo Pai.

Amor e equilíbrio

Amar favorece a nossa saúde física, mental e espiritual. O amor reequilibra o nosso campo mental e emocional influenciando diretamente na harmonia de nosso organismo. Sentimentos mais elevados reverberam suas energias em nossas células, órgãos e sistemas, propiciando que cumpram suas funções em equilíbrio. Já no campo espiritual o amor se desdobra, permitindo a manifestação de nossas qualidades morais.

Acolher o outro é a oportunidade de trabalharmos a nossa empatia, buscando entender os sentimentos e necessidades alheias.

Francisco de Assis representa o verdadeiro significado de fraternidade. Nos ensinou que pelo socorro e amparo exercitamos a nossa capacidade de amar, abrindo nossos corações para a manifestação de sentimentos mais elevados, como a gratificação com a felicidade alheia. Também revela que estamos encontrando o rumo para a nossa maturidade espiritual, estabelecendo relações mais sadias baseadas no Evangelho de Jesus.

“Divino Mestre! Permiti que eu não procure tanto ser consolado quanto consolar…”

(Francisco de Assis)

Carmem Armani é da equipe de O Trevo

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