Homenagem às mulheres espíritas
O Dia Internacional das Mulheres, celebrado em 8 de março, nos lembra de um passo importante na jornada evolutiva da Terra: a igualdade de gêneros.
Como muito bem explicado em “O Livro dos Espíritos”, o espírito não tem sexo. Todos nós podemos reencarnar tanto como homem quanto como mulher.
“A emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização; sua escravização marcha com a barbárie. Além disso, os sexos só existem na organização física.”
(O Livro dos Espíritos - pergunta 822-a)
A sociedade vem evoluindo nesse quesito, ainda que a passos lentos. No meio dessa jornada, muitas mulheres romperam barreiras e deixaram suas marcas.
O Trevo apresenta a seguir duas histórias de mulheres com grande contribuição para o Espiritismo: Amalia Domingo Soler e Yvonne do Amaral Pereira.
Agradecemos também a todas as mulheres engajadas na nossa Aliança. Vocês são exemplos de dedicação em toda casa espírita ou frente de trabalho.
A luz poética de Amalia Domingo Soler
Nas brumas de Sevilha, em 10 de novembro de 1835, nasceu Amalia Domingo Soler, cuja vida desabrochou em meio a desafios e mistérios, problemas com os olhos que a levaram a cegueira completa aos oito anos, refletindo a própria jornada do espírito humano em busca de compreensão e transcendência. Criada por uma mãe corajosa, Amalia aprendeu desde cedo a tecer os fios da sobrevivência, ajudando no sustento de sua pequena família.
Após vencer a cegueira, Amalia foi cativada pela poesia, encontrando nas palavras um refúgio para os tormentos da vida e uma ponte para os mistérios do além. Sob a influência do romântico e do gótico, sua alma inquieta buscava na melancolia e na religiosidade as respostas para suas indagações mais profundas.
Mas o destino lhe reservava mais do que meras reflexões poéticas. Envolta em mistérios e sombras, Amalia enfrentou as limitações impostas pelo conservadorismo de sua época, vivendo ao lado de uma amiga em um mundo que não a compreendia. Após a partida de sua mãe para o plano espiritual, as dificuldades financeiras a empurraram para Madri, onde a solidão e a incerteza a assombravam a cada esquina.
Consolo e trabalho
Foi nesse cenário de desespero e desolação que o Espiritismo cruzou seu caminho, trazendo consigo uma nova luz para sua existência atribulada. Sob a tutela de um amigo médico, Amalia mergulhou nas águas profundas da espiritualidade, encontrando inspiração para expressar suas visões e ideais através da escrita. Apesar da feroz oposição da Igreja Católica, ela ergueu periódicos espíritas, desafiando tabus e enfrentando a censura com bravura e determinação.
Longe de ser apenas uma espectadora, Amalia se envolveu ativamente na análise das comunicações mediúnicas, buscando discernir a verdadeira voz dos espíritos. Sua obra Memórias do Padre Germano ecoou como um trovão nos corredores silenciosos da igreja, desafiando dogmas e despertando consciências para uma nova compreensão espiritual.
Com sua prosa poética e sua coragem indomável, Amalia Domingo Soler transcendeu as fronteiras do tempo e do espaço, erguendo-se como um farol de esperança e inspiração para as gerações futuras. Sua autobiografia, Minha Vida, continua a guiar os passos dos buscadores da verdade, revelando os segredos de uma alma intrépida em sua jornada rumo à luz.
Assim como Amalia, outras mulheres iluminaram os caminhos do movimento espírita, desafiando convenções e abrindo portas para uma nova era de compreensão e fraternidade.
Convidamos os leitores a compartilharem no e-mail [email protected] histórias de pessoas que deixaram sua marca no Espiritismo, pois é na diversidade de vozes que encontramos a verdadeira essência da jornada espiritual.
Thiago Rodrigues é do Grupo Espírita Reencontro - Regional ABC